por Aldaci da Silva Claro (aninha)
Hoje ao ser indagada por uma amiga curiosa para saber o que
significa ter câncer, meus pensamentos me levaram a nove anos atrás, quando no
consultório de meu médico recebi a notícia que dessa vez o nódulo que havia
sido retirado de meu seio era diferente...Realmente era diferente porque era
maligno!
Nossa, me envolvi num turbilhão de emoções, e já não
conseguia chorar, e milhares de dúvidas surgiram, e o primeiro sentimento de
todos foi o medo da morte porque ter câncer significava uma sentença de morte,
e comecei a sentir pena de mim.Confesso que me senti indefesa, confusa, e
apavorada; eu havia acabado de sofrer percas muito grandes, e agora a última
coisa que me restava era minha vida e parecia que não estava valendo muito
naquele momento.
Respirei fundo e num misto de suplicas, orações eu questionei
a Deus: Porque eu tenho que passar por mais essa perca? Porquê meu marido que
estava tão saudável morreu tão repentinamente e eu teria que sofrer isso agora?
Esses sentimentos, medos, incertezas foram desaparecendo aos
poucos quando eu percebi que eu não estava sozinha, pois me restava vida, uma
família, filhos, amigos e seu estava viva significava que ainda não era o fim.
Agora estava surgindo um novo momento em minha vida e o
primeiro passo era saber o que estava acontecendo com meu corpo e como aquele
câncer foi parar lá, e se eu tinha chances de reverter toda essa situação.
Recebi a visita da Presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer Sra. Nadir
Inez, a qual minha mãe que também era voluntaria me apresentou e a partir daí
demos o início a nossa caminhada em busca do tratamento.
Tive a explicação que
o câncer nada mais é que uma célula de nosso corpo sofre algumas alterações
devido a nossa genética, nosso tipo de rotina, alimentação, estado emocional,
etc. e essa alteração da célula vai atraindo outras células que vão formando um
grupo maior de células deformadas gerando os nódulos que tem como objetivo
invadir todos os órgãos de nosso corpo. Fiquei pensativa por alguns dias,
quando me conscientizei que se o câncer é um grupo de células que se rebelaram,
então teria que existir algo que pudesse deter toda essa rebelião e que eu
teria que lutar pois o meu corpo não era o câncer e sim o câncer estava no meu
corpo, existia ainda milhares de células no meu corpo que não haviam se
rebelaram e decidi enfrentar e cabeça erguida tudo isso. Foi feita a cirurgia
de mastectomia retirando um de meus seios, logo após veio a parte difícil que
era a quimioterapia.
A palavra quimioterapia me dava medo, pois meu médico me
explicou que teriam reações, queda de cabelos, náuseas, eu nem imaginava como
seria comigo pois eu só ouvia falar que era terrível, e só de ouvir falar me
dava um frio na barriga. Na primeira sessão entrei na sala e fiquei observando
tudo, cadeiras, aparelhos, enfermeiros se dar uma única palavra. Que momento
difícil!
Em seguida a enfermeira aplicou em minha veia um soro, depois
mais um soro de cor diferente, só isso. Voltei pra casa admirada que era apenas
um soro na veia.
Passados algumas horas eu estava muito confiante, pois
imaginava que não teriam reações em mim. Aconselhada por meu médico fui cortar
meus cabelos, mas no íntimo eu estava crendo que meus cabelos não cairiam,
afinal eu já tinha passado pela primeira sessão de quimioterapia e nada tinha
acontecido de diferente comigo a não ser um pouco de enjoo.
Passados alguns dias ao tomar banho notei que ao lavar meus
cabelos mechas de meus cabelos começaram a cair. Que desespero, pois quanto
mais eu passava as mãos nos cabelos mechas e mais mechas caiam deixando falhas
horríveis e ali me bateu o desespero e comecei a imaginar que o tratamento
estava sendo feito para me manter viva apenas por alguns dias e eu estava
morrendo aos poucos e nada poderia deter esse processo.
Confesso que esse foi o banho mais longo de minha vida, que
durou mais de uma hora eu sentada no chão chorando com as mechas de meus
cabelos que vaidosamente mantinha na cor vermelha, sempre escovado, penteado.
Parei de chorar, peguei uma esponja e esfreguei até caírem todos os fios me
deixando totalmente careca.Sai do banho enrolada com uma toalha ainda com medo
de enfrentar o espelho, mas eu teria que vencer mais essa batalha!
Me vesti, coloquei um lenço colorido, brincos, uma maquiagem
ergui minha cabeça e disse: vida ai vou eu! Novamente recomecei minha luta
contra meu adversário. Passei por seis sessões de quimioterapia e trinta e duas
sessões de radioterapia.
Tive acompanhamento médico para saber como meu corpo reagia
ao tratamento e graças a Deus venci essa etapa.
Agradeço a Deus pela força, por ter me compreendido em alguns
momentos minha falta de fé, pois somo humanos não conseguimos crer plenamente
em Deus como deveríamos.
Também agradeço a Deus por minha família que caminhou ao meu
lado durante todo tratamento, e por ter me dado a oportunidade de fazer todo
tratamento assistida pela Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Francisco
do Sul, que me levava para as consultas, quimioterapia, radioterapia e também
fazer parte do grupo “Sempre Vivas”, que são mulheres que passaram pelo mesmo
processo de Câncer e mastectomia. Nesse grupo fazíamos artesanatos, tínhamos
psicóloga, fisioterapeuta, enfim nesse grupo fui amada, conheci histórias
parecidas com a minha, mostrando que qualquer um de nós está sujeito aos
ataques desse terrível adversário que é o câncer, ao qual devemos enfrentar, e
jamais desafiar quando descobrimos que ele está alojado em nosso corpo, pois se
não fizermos o tratamento tendo cuidados maiores com nosso corpo ele poderá
voltar com toda força e seremos derrotados
Certo medico no início do tratamento usou a seguinte frase
que me marcou muito:
“NINGUÉM ESPERE QUE EU COMO MÉDICO VENHA A LHE DAR VIDA, POIS
SE DEUS LHE DA A OPORTUNIDADE DE SE MANTER VIVO E FAZER ESSE TRATAMENTO QUE SEM
A SUA VONTADE DE VIVER E O MEDICO NADA PODERÁ FAZER PARA LHE AJUDAR, E SE VOCE
NÃO LUTAR PELA VIDA, E REALMENTE QUERER VIVER O CÂNCER QUE É O SEU ADVERSÁRIO
IRÁ GANHAR ESSA BATALHA”
Hoje sou voluntária e acompanho pacientes que fazem
tratamento de quimioterapia, radioterapia e acompanhamento médico em Joinville,
também presto atendimento no ambulatório na RFCC,e faço parte da equipe que
realiza palestras sobre a prevenção que é pela fundamental para o diagnóstico e cura do câncer .
Essa é uma oportunidade de passar aos pacientes experiências que
vivi durante o tratamento, as atividades que a RFCC presta em beneficio não
apenas a mulheres, homens e crianças mostrando a todos que o câncer é apenas
mais um adversário que temos que enfrentar com coragem, fé e tenho muito
orgulho de poder participar dessa entidade muito orgulho dessa entidade.
Aldaci da Silva Claro (aninha)
ótima conteúdo antes de comprar a Bíblia Feminina, gostei muito mesmo, muito útil
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